História da história

 Era uma vez uma menina de catorze anos que sonhava com um príncipe encantado, principalmente enquanto escutava o álbum From Me to You, da cantora Yui. Todavia, o dito cujo desse príncipe só havia lhe aparecido em sonho: o seu dia a dia prosseguia o mesmo e não existia nenhum sinal de que o tal iria chegar em breve. Cansada de esperar, resolvera fazer do seu sonho uma realidade paralela. E, em uma tarde quente de novembro de 2007, enquanto esperava impacientemente ser atendida pelo seu ortodontista, retirara os lápis e os papéis da pasta que carregava e pusera-se a escrever a história de amor que desejava viver.
Assim nascia Yume, o primeiro romance que mudaria sua vida por completo. No início, era apenas mais uma história sem futuro que imaginara - não estava com muito ânimo para escrevê-la. Tanto que não existia título para o novo romance, não havia nome para os personagens que o compunham e não havia o objetivo principal da história. A única ideia definida em sua cabeça era: uma garota que sonhava com um garoto e ambos compartilhavam este sonho.
Aos poucos, os fatos se formavam. Corali começava a se definir: menina alemã de quinze/dezesseis anos; estudante; tímida; retraída; sonhadora; cabelos longos, lisos e castanhos; olhos azuis; descendente de japoneses. Depois, Corali virou Natja e assim ficou por muito tempo. Em seguida, surge Adrien, o guitarrista amável, ruivo, japonês e simpático que tinha sonhos perturbadores com uma mocinha desconhecida. Ambos eram personagens da Behind Dreams, título que daria lugar a Yume no Curse algumas semanas depois, mais precisamente nos primeiros dias de 2008. A história era notoriamente influenciada pelas experiências otakus da escritora, que usava e abusava das gírias que via em seus animes, dos modos de se portar das heroínas e dos heróis nipônicos dos seus adorados shoujos, assim como todo o enredo era passado no Japão. Porém, nesse tempo, o objetivo real do romance continuava inexistente, embora ideias como lutas entre anjos e demônios povoassem sua mente por um longo período.
Tempos depois, o romance fora esquecido, ficando no limbo dos seus arquivos por vários meses, até surgir uma oportunidade de divulgá-lo. Retraída, fora convencida pelas amigas a mostrar sua história à professora de Português, essa que acreditava piamente naquela aluna tímida. Animada pelo incentivo, convenceu-se a voltar a escrever a história de Adrien e Natja, mas logo desanimou-se pela inexistência das razões que poderiam dar o impulso necessário ao romance. E, mais uma vez, desistira do seu escrito.
Chegou 2009. Os neurônios da escritora pareciam querer queimar com a chegada do Terceiro Ano. Em um momento de revolta e frustração com seus resultados escolares, resolveu que seu destino era ser escritora. Tal decisão levou-a a voltar ao romance abandonado. As ideias começavam a surgir, mas considerava-se incapaz de escrever algo verdadeiramente bom. Com tal pensamento em mente, decidira escrever outra história antes de dedicar-se por completo ao Yume no Curse, fazendo essa experiência servir-lhe de preparação. E assim surgiu a Inevitável.
Satisfeita com os resultados obtidos da sua empreitada, voltara com ânimo à sua história onírica. Primeiramente, modificara a aparência e a personalidade dos protagonistas, deixando-os cada vez mais distantes da imagem inicial de heróis japoneses. Também mudara o local principal da ficção: nada de Japão, o desenrolar deveria ocorrer no Brasil. Natja virara Nadia, a desenhista alemã que se vestia como um moleque. O antes ruivo Adrien tornara-se louro, e sua amabilidade fora substituída por uma personalidade cética e fria. E, enquanto as mudanças na história ocorriam, o objetivo central surgia.
Depois de muitas e longas revisões, Yume ficara pronta em agosto de 2010, quase três anos após a sua criação.

A escritora não encontrara o rapaz que, em um dia da sua adolescência, surgira em seus sonhos. Mas, por sorte, debatera-se com Nadia e Adrien, e todo o fantástico mundo que Yume carregava consigo.
Acredita fervorosamente que fora o melhor achado da sua vida. Melhor até mesmo do que ter encontrado o tal príncipe encantado.